18 de out. de 2012

É da Nossa Conta! Trabalho Infantil e Adolescente

“Porque no meu tempo, pra eu chegar na escola, tinha que andar uma hora a pé”... “Porque no meu tempo, o vô Angelim não ligava pro meu estudo, e não quis que eu prestasse o exame de admissão”... era assim que meu pai contava o que havia passado na infância, justamente para nos incentivar a estudar quando estávamos no colégio. Meu avô, uma pessoa muito simples, não enxergava os benefícios que os estudos trariam ao meu pai, que abandonou os bancos escolares aos 10 anos para começar a trabalhar. Naquela época, década de 50, havia um exame depois da 4a. série do primário, praticamente um ‘vestibular’ – o tal exame de admissão. Só passava quem se dedicasse muito aos livros, por isso era comum que as crianças parassem de estudar e fossem para o mercado de trabalho. Meu pai foi uma delas.

Os tempos mudaram e... infelizmente, ainda tem muita criança que deixa a escola para trabalhar. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), “4,3 milhões de crianças e adolescentes de cinco a 17 anos trabalham em média 26,3 horas semanais no país (...) 638.412 crianças e adolescentes de cinco a 14 anos executam atividades econômicas ou serviços domésticos. Desse total, 41.763 crianças e adolescentes só trabalham e não estudam”. Os números fazem parte do relatório Todas as crianças na escola em 2015 – iniciativa global pelascrianças fora da escola, e a análise foi baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2009). 

Para mudar esse cenário, a Fundação Telefonica, o UNICEF e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) lançaram a campanha colaborativa É da Nossa Conta! Trabalho Infantil e Adolescente. A ideia é usar da força das redes sociais para acabar com a cultura de que “é normal” criança trabalhar – não, definitivamente, não é! E só é possível mudar o aspecto cultural se houver o envolvimento da sociedade, daí a importância do ‘engajamento virtual’, que promove o diálogo e o compartilhamento de informação. Aliás, esse foi o mote central da fala de todos os que participaram do lançamento da campanha em São Paulo, uma das setes cidades brasileiras a receber o evento presencial (a lista tem Salvador, Teresina, Belém, Curitiba, Brasília e Fortaleza). 


As ONGs Cidade Escola Aprendiz, Viração e a Repórter Brasil participam ativamente da campanha “viralizando” o conteúdo nas redes sociais. No site da Rede Promenino, tem muita informação importante, além de vídeos gravados especialmente para o É da Nossa Conta. Eu estou contribuindo com este post, na blogagem coletiva proposta pela Agência Otagai e VOCÊ, ao compartilhar este texto com outras pessoas, também ajudará ativamente esta causa.

Sejamos francos: se colocamos nos trending topics a morte de um personagem de novela, #oioioi por que não chamamos a atenção da sociedade para #semtrabalhoinfantil, não é mesmo? Abaixo, alguns dos vídeos da campanha - para assistir todos, clique aqui. Amei o Wellington dizendo: "Quando a gente quer, a gente faz". É isso! É da Nossa Conta!




7 comentários:

  1. #semtrabalhoinfantil no TT!!
    Incrível como há "pouco" tempo tudo isso era normal ne? Mas as consequencias disso tudo sofremos até hoje!
    Bom que podemos mudar a história fazendo um pouquinho cada um...
    beijos
    Lele

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  2. Carol, sabe que hoje mesmo comentei no post da Elenara (do Arquitetando Ideias) sobre esta fase da vida do meu pai. A única época na qual ele "pegou na enxada" na fazenda dos meus avós foi no ano em que não passou no exame admissional do ginásio e ficou no sítio, pois, como filho quase caçula (sétimo de 8 filhos) ele teve a chance de estudar. Mas aos 14 anos já trabalhava num cartório com carteira assinada, o que o levou pro mercado formal tão cedo que sempre criou dificuldade para que ele avançasse nos estudos. Começou e largou a faculdade algumas vezes, mas sempre fez questão de garantir exatamente o contrário para nós e lá em casa só a Tiffany, caçula, é que trabalhou desde o primeiro ano de faculdade. Imagina, de faculdade!
    Realidade totalmente diferente dos meus avós, que vieram do Japão com 14 anos para trabalhar nas fazendas de café do interior do estado de São Paulo e nunca tiveram chance de reclamar pois foram mandados para cá sem os pais, com parentes distantes, para compor o núcleo de 1 casal + 1 jovem solteiro exigido pelas companhias de imigração.
    Meus avós vieram para cá durante a Primeira Guerra Mundial, eram outros tempos, com poucos diretos trabalhistas até para os adultos. O que me assusta é que, embora tenhamos evoluido tanto em muitos temas e avançado inclusive em pesquisas sobre o desenvolvimento físico, psicológico e emocional das crianças e adolescentes, ainda ouçamos pessoas defendendo o trabalho como algo que dignifica até a criança!
    Por esta necessidade premente de mudança de mentalidade é que concordo plenamente com você, precisamos criar o hábito de questionar e de trazer luz para o tema, tornando ponto pacífico a afirmação de que É da nossa conta!
    Super obrigada por estar conosco neste movimento!

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  3. Carol p/ o meu pai colocar os filhos p/ trabalhar cedo era uma forma de educar,o pai dele fez isso com ele e assim ele fez com meus irmãos,eu ainda escapei por se menina,dai tinha que ajudar em casa,minha mãe tentava aliar as coisas quando ele estava viajando.Parece que existe uma certa resistência em alguns meios p/ mudar essa realidade da exploração do trabalho infantil,mas quem sabe se falarmos tanto,alguém faz algo realmente que possa mudar isso.
    bjs

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  4. É isso aí, carol! Tamo junto nessa batalha!!! beijo querida

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  5. Carol, é a primeira vez que visito o teu blog, mas já me tornei seguidora e estou divulgando, porque creio que precisamos fortalecer essa corrente e pensarmos juntas em alternativas, em como propor soluções, sem deixar a responsabilidade e/ou a culpa toda no governo. Todos nós contribuímos para que as coisas mudem ou não... Ver de que forma voluntariamente podemos fazer um trabalho de formiguinha torcendo pra que surta um efeito diferente do habitual.

    Meu pai é filho de agricultores que trabalharam quando crianças e que batalharam muito para que os filhos não tivessem o mesmo destino, mas o meu pai fugia da escola e foi ser mecânico aos 9 anos, depois foi atrás do sonho dele de ser locutor, mas meu avô avisou que para isso ele precisaria ser letrado, então ele retornou aos bancos escolares... E ele trabalhou em rádio por 42 anos ou mais!!!

    Cada qual com sua forma de tocar o coração das pessoas, acho que essa blogagem renderá bons frutos!!!

    Beijos!
    Ingrid Strelow

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  6. Carol! estamos juntas nessa luta. Mesmo longe quero poder participar. Vou fazer a minha parte divulgando nas redes sociais e chamando a atenção para um problemas que também é nosso! bjss
    Tamy #amigacomenta

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  7. Carol, muito legal essa movimentação toda nos blogs esta semana em torno do tema. Traz a reflexão para os nosso lares e nossa sociedade, e, a começar em cada um de nós, se pudermos coibir, denunciar, tais práticas e orientar aqueles que a praticam porque julgam não haver mais outras opções, se aos poucos, cada um fizer um pouquinho, talvez em pouco tempo nossa realidade seja outra. beijos #amigacomenta

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